quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cantigas sob o sol do Nordeste


Tribuna do Norte, 27/08/2009


O sol quente do sertão inspira e faz liquidas as melodias e os poemas. Das terras áridas, esperando chuva, surgiram nomes importantes da música e um deles – talvez o maior – é Luiz Gonzaga. E é nele toda a força do espetáculo “Cantigas do sol ou Dom quixote de cordel: um tributo a Luiz Gonzaga” que será apresentado hoje e amanhã no Teatro Alberto Maranhão, às 20h.Elaborado durante dois anos, o espetáculo vem do Recife através do grupo Dramart. São quatorze atores que também cantam e dançam no palco 40 canções numa perspectiva operística tendo como suporte a poesia de Zé Dantas, Humberto Teixeira, canções de domínio público embaladas pelas canções quase inéditas e outras mais conhecidas de Luiz Gonzaga. “Estamos lembrando os 20 anos da morte dele. E paralelo estamos falando do homem sertanejo, num contexto denso e realista. Tudo isso feito com a colagem de várias músicas de Luiz Gonzaga”, contou o ator Didha Pereira, que faz o próprio Gonzagão. Para a preparação do espetáculo os atores e músicos – são quatro em cena – foram divididos em núcleos de pesquisa alcançando algumas vertentes como cultura popular e teatro de rua, todos coordenados por Didha. “A gente montou apresentações individuais e daí surgiram as primeiras cenas, num trabalho completamente coletivo feito aos moldes do teatro de grupo antes dos anos 90”, contou.

Grandioso e com diferentes nuances, “Cantigas ao Sol...” tem como fonte além do sertão, a inspiradora luz do dramaturgo Bertold Brecht, quando o grupo utiliza o distanciamento para que o público perceba a diferença entre a realidade e a ficção. “Precisamos preparar um distanciamento, porque tem momentos muito emocionantes e fortes no espetáculo. É um retrato da vida mas não é a vida”.Considerada pelo próprio diretor – o premiado Vital Santos – como uma nova cor da cena nordestina, “sem nenhum ranço regionalista”, o espetáculo extrai movimentos da cultura popular nordestina com toques eruditos e o “pragmatismo da cena mollierana”. “Aproveitando para tanto os movimentos da xilogravura, do cordel, dos mamulengos e o peso do coronelismo disfaçado de Comédia Dell´Art, para denunciar as indústrias que proliferaram e ainda proliferam o Nordeste brasileiro, colocando-o numa situação difusa dentro do contexto nacional”, escreveu o diretor Vital Santos.

Um comentário:

  1. ASSISTI O ESPETÁCULO E ADOREI. ATORES SENSIVEIS AFIDNADISSIMOS E COMPETENTES, DIREÇÃO SEGURA, CENARIOS E FIGURINOS SUPREENDENESTES, ALEM DE UMA ILUMINAÇÃO E TRILHA SONORA CATIVANTE.

    RONALDO

    ResponderExcluir